Para a desejável descoberta da verdade, coisa a que nos vamos habituando a que não aconteça, vale a pena ler os comentários do Eng. Frederico Brotas de Carvalho, que tece ao processo inconclusivo sobre este acidente de 22AGO2008 na Linha do Tua (com um morto e vários feridos), com sublinhados nossos:
O processo "inconclusivo" da CTI.
Dois meses depois do acidente ferroviário na Linha do Tua, ocorrido a 22 de Agosto, entre as estações de Brunheda e Tralhão, e que provocou um morto e 37 feridos, a Comissão Técnica de Inquérito (CTI) entregou o relatório final ao Ministro dos Transportes e Obras Públicas, afirma não ter elementos suficientes para concluir o que esteve na sua origem.
Não fazemos processos de intenções mas repudiamos que a CTI seja incapaz de determinar uma causa.
Nas Escolas de Engenharia ensinam os engenheiros a formar uma opinião após uma fase de recolha de informação. Sem assimilarem esta matéria não obtinham aproveitamento.
Em todos os cursos sérios sobre vias de comunicação, onde se abordem os temas da linha férrea, há uma cadeira, ou uma parte significativa de uma cadeira, que trata exclusivamente dos processos de descarrilamento.
Assim o faz a Espanha, assim fazem a Suíça, França, Reino Unido, Itália, Áustria, Alemanha, Índia e África do Sul. Assim fazia Portugal há uns anos. Assim o faziam os departamentos técnicos da CP (Unificada).
Um licenciado com experiência de manutenção na antiga CP teria sido conclusivo em 7 dias, para lhe dar tempo para a redacção do relatório e para as assinaturas superiores de aprovação.
Para determinar "cientificamente" um abatimento, coisa que devia ter sido efectuada nas horas que se seguiram ao acidente, usa-se um nível (para determinar o nivelamento em altimetria e em planimetria) para comparar os parâmetros do projecto da linha com os desvios determinados.
Para determinar o desgaste da cabeça do carril, no ponto de descarrilamento da roda do veiculo, usa-se uma craveira e compara-se com as tolerâncias (em milímetros) determinadas pelas normas UIC . (Custa 10€)
Adicionalmente haveria de encontrar um registo concreto da velocidade a que o veículo seguia no ponto de descarrilamento
As Câmaras Municipais envolvidas tem de tomar pulso firme à situação que se está a viver e chamar à responsabilidade técnica as entidades que estão a ser envolvidas neste processo e tanto dano estão a causar a uma Região inteira de Portugal.
22 de Outubro de 2008
Frederico Brotas de Carvalho
Director do IDP* e Engenheiro civil
*IDP - Instituto da Democracia Portuguesa