quarta-feira, outubro 31, 2007

Toponímia e cultura XVII

Nesta placa toponímica de Sintra (ex-Cintra), parece-nos culturalmente insuficiente a indicação ali constante, apenas Rua Marechal Saldanha, até por comparação com outras mais completas existentes nas proximidades.

Quando viveu e em que se distinguiu? Haverá certamente sobre o Marechal Saldanha algo mais a acrescentar nesta placa, que elucide quem por ali passe. No mínimo o período em que viveu: 1790 - 1876.

João Carlos Gregório Domingos Vicente Francisco de Saldanha Oliveira e Daun (Azinhaga, Golegã, 17 de Novembro de 1790 — Londres, 21 de Novembro de 1876), 1.º conde, 1.º marquês* e 1.º duque de Saldanha, foi um marechal do exército português. Homem de Estado do tempo da Monarquia constitucional, influenciou de forma substancial o rumo dos acontecimentos do país ao longo de meio século. Foi inúmeras vezes ministro, assumindo designadamente as pastas da Guerra e dos Negócios da Fazenda. Foi também, por quatro vezes, primeiro-ministro de Portugal (em 1835, entre 1846 - 1849 e 1851 - 1856 e em 1870).

Era poliglota, falava francês, inglês e espanhol. Durante o seu governo no Rio Grande do Sul, no qual tomou posse em 20 de Agosto de 1821, conseguiu manter Porto Alegre relativamente em paz, a despeito das constantes manifestações em prol de mais liberdade política para a província. Em 08 de Agosto de 1822 é chamado de volta ao Rio de Janeiro.

Pela via materna (Maria Amália de Carvalho e Daun) era neto do marquês de Pombal.

Nota* Marquês de Saldanha foi um título nobiliárquico criado pela Rainha D. Maria II de Portugal, por decreto de 27 de Maio de 1834, a favor do Marechal João Carlos Gregório Domingos Vicente Francisco de Saldanha Oliveira e Daun, em substituição do título de Conde de Saldanha que lhe havia sido concedido a 14 de Janeiro de 1833. Ao mesmo Marechal Saldanha, foi-lhe concedido o título de cortesia de Duque de Saldanha a 4 de Novembro de 1846.

Foto 27102007

terça-feira, outubro 30, 2007

Parque de estacionamento privativo do Estado (2)


Em “post” / mensagem de 30 de Junho de 2007 lamentámos que ainda constasse junto ao Campo das Cebolas, em Lisboa, um sinal indicativo de estacionamento do Estado com indicação dum Ministério que já não existia desde 2005.

Vá lá que (só) ao fim de 2 anos - e apesar de ali estar diariamente um soldado da GNR (Brigada Fiscal) a controlar a utilização do espaço -, a situação foi agora finalmente corrigida, como a fotografia mostra.

Fotos 19062007 e 29102007

domingo, outubro 28, 2007

Educar a brincar

Para quem tem contacto regular com crianças e em especial a responsabilidade da educação dos filhos ou netos, esta Crónica de Daniel Sampaio BRINCAR, publicada Domingo, 28 de Outubro de 2007 , in PÚBLICA, tem grande oportunidade:

"Nunca pensei que os gerentes da Duracell se preocupassem com estudos sobre pais e filhos. Para mim, mandavam numa simples fábrica de pilhas, capazes de fazer correr sem parar um irritante coelhinho! Ideia preconcebida: acabam de publicar um estudo com 900 crianças, onde se demonstra que as portuguesas são as que diariamente menos brincam com os pais. Só seis por cento dos nossos meninos admite brincar com os pais todos os dias, um número muito abaixo da média europeia, onde uma em cada cinco crianças tem momentos diários de divertimento com a família.
Como chegámos a esta triste situação? Basta olhar em redor e compreenderemos tudo. O governo falhou na política de apoio à família e muitos dos nossos pais têm má qualidade de vida: salários baixos, empregos instáveis, maus transportes, pouco enquadramento e deficiente articulação com as escolas, como podem ter disponibilidade ou sequer desejar mais filhos? Outros não têm dificuldades financeiras de maior, mas padecem de egoísmo ou vivem na crença de que educar é uma tarefa esgotante, por isso o que importa é arranjar brinquedos para "entreter" os mais novos: já basta o trabalho para os fatigar, em casa é preciso "distrair", "desanuviar" ou "descansar". Deste modo, são bem vindos os novos brinquedos electrónicos: com a destreza das crianças de agora, depressa aprenderão como os manipular e não importunarão os adultos por largos momentos. A consola de jogos, o computador e a televisão transformaram-se assim na "baby-sitter" dos tempos modernos, a garantia de que os mais novos estarão ocupados por umas horas: com trabalhos de casa feitos à pressa e uma refeição rápida, depressa se chega à hora de deitar, amanhã correrá melhor! Mas não corre: em todo o lado vemos crianças inquietas com incapacidade de pensar, irritáveis por sono insuficiente, indisciplinadas na escola por ausência de limites em casa, com dificuldades na leitura e na escrita. Por exemplo, já experimentaram pedir a uma criança de oito anos para ler um texto em voz alta? O resultado é surpreendente: gagueja, ignora a pontuação e depressa se fatiga, porque não está habituada a ler em público, só é treinada para descodificar símbolos do "gameboy" ou da "play-station". Que saudades das crianças que brincavam na rua, que jogavam à bola na praceta ao pé de casa ou que fugiam para se divertir em casa dos vizinhos! Hoje saem da escola a correr, trazidas por pais apressados que as depositam no judo, na música, na natação ou no explicador, para mais tarde serem recolhidas à pressa, só a tempo de uma refeição apressada antes de tentarem dormir...
Que fazer? Em primeiro lugar, lutar para que tudo isto se altere. Passar a mensagem de que o jogo é a melhor maneira de as crianças aprenderem tudo: se for fornecido um contexto que permita a uma criança o relacionamento tranquilo com um adulto, ela será a primeira a aprender a importância da sua relação com os mais velhos e, movida pela sua curiosidade natural (existente em todas), esperará a brincadeira mais ou menos divertida, mas sobretudo terá a certeza que a sua fantasia crescerá. Tudo isto poderá ser feito sem brinquedos, com as mãos de pais e filhos e o corpo de todos, sem apitos electrónicos ou ecrãs tecnológicos individuais, a dificultarem a simples troca de olhar em família. E as emoções desencadeadas pelos brinquedos de hoje, quem as conhece, se depressa são descarregadas no jogo seguinte?
Não podemos esquecer que educar consiste em a pessoa se oferecer como modelo. Uma pessoa fica "educada"quando cresceu e já é capaz de se constituir como um exemplo a seguir: quando um irmão imita o mais velho é porque este desempenhou um papel capaz de ser seguido (esperemos que no sentido positivo) pelo mais novo.
Mais do que os livros ou revistas, que embora cruciais podem dar olhares perturbados da realidade (sobretudo se não os lermos em conjunto com os mais novos); mais do que recomendações palavrosas de pais para filhos, tantas vezes não ouvidas ou depressa esquecidas; muito mais do que o último jogo de computador, em breve substituído pelo que acaba de sair, ou consumido a correr para alcançar o objectivo de "vencer mais um obstáculo", a resposta está no olhar da criança que nos pede: "Podes brincar comigo?""

quarta-feira, outubro 24, 2007

Transparência e cultura democrática (1)

Para nos ajudar a reflectir e tanto quanto nos fôr possível a mudar,
alguns extractos,
com sublinhado nosso, deste actualíssimo artigo de João Miguel Tavares, in Diário de Notícias, pág. 7, da edição de Terça-Feira, dia 23 de Outubro de 2007:
A brigada do "então prove" e
a
falta de cultura democrática

"Cada vez que alguém aparece na comunicação social a fazer uma denúncia relevante há sempre um bando de picuinhas que exprime imediatamente a sua indignação com vózinha de contratenor: "Se assim é, então prove." Escondida atrás de um suposto rigor legalista e confundindo as regras do espaço público com as leis dos tribunais, a brigada do "então prove" é perigosamente conservadora e gosta do cheiro a pântano, crescendo à sombra da nossa falta de cultura democrática. Alguém resmunga sobre a corrupção nas câmaras? Então prove. Uma alminha aponta o dedo à incompetência na função pública? Então prove. Um desgraçado queixa-se das falhas no sistema judicial? Então prove. Como se cada vez que uma pessoa abrisse a boca para protestar tivesse obrigatoriamente de estar munido de dossiês e documentação em papel timbrado. Nove em dez vezes, o "então prove" é apenas uma forma mais ou menos elaborada de proteger o estado das coisas e tapar a boca a quem se queixa.

Certamente por causa deste exagerado calor de Outono, que sobreaquece as cabecinhas, quatro ou cinco pessoas importantes lembraram-se de ir para os jornais dizer o que lhes vai na alma. Não é normal. O normal é que as pessoas importantes dêem entrevistas mastigadas, soltando um recadito ali, uma frase cabalística acolá, num português remoído que depois é decifrado por meia dúzia de entendidos que peroram sobre o assunto durante dois ou três dias. Mas não foi isso que aconteceu com as últimas entrevistas de Catalina Pestana ou Pinto Monteiro, só para dar dois exemplos. Estes decidiram, por uma vez, dizer coisas relevantes e denunciar o que vai mal.

Resultado: uma carga violenta da brigada do "então prove".
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E, como de costume, o monstro do statu quo acordou para exigir que não o incomodem. Triste sociedade esta, que devota tanto amor à lei da rolha. E assim vamos andando aos caídos, muito caladinhos e compostinhos."

sexta-feira, outubro 19, 2007

Toponímia e cultura XVI

Na Urbanização da Portela, Junta de Freguesia da Portela (www.jf-portela.pt) inserida na área da Câmara Municipal de Loures, os nomes das ruas de certas zonas foram atribuídos em conformidade com determinados temas: navegadores/descobridores, actores, etc...

Na zona correspondente aos actores, existem, e muito bem, as ruas dos Actores, Vasco Santana, Amélia Rey Colaço, Palmira Bastos, etc...

Mas porque será que a rua central, que nos recorda um elemento que nunca foi actor, o oficial de cavalaria do Exército português Joaquim Augusto Mouzinho de Albuquerque (n. Batalha, 11 de Novembro de 1855 — f. Lisboa, 08 de Janeiro de 1902), está caracterizada como a fotografia ilustra?

A palavra ACTORES não estará a mais e não induzirá em erro a gente menos culta? A cor da placa, que já a caracteriza como pertencente a essa zona, não seria suficiente?

Foto 19102007

quinta-feira, outubro 18, 2007

Toponímia e cultura XV

A toponímia desta Avenida que homenageia o Visconde Valmor, em Lisboa, é muito pouco esclarecedora. Mas de quem se trata?
A placa deveria ser mais precisa.

Tudo leva a crer que se tratará do 2º Visconde (18?-1898), diplomata, político, membro do Partido Progressista, par do reino, governador civil de Lisboa, a quem se deve o Prémio Valmor de Arquitectura**. Sobrinho paterno do 1º Visconde.

Ou será o 1º Visconde, dirigente das associações comerciais do Porto e de Lisboa, deputado em 1846 e 1848-1851, par do reino de 1853-1870?

O título de Visconde de Valmor foi instituído por decreto do rei Luís I de Portugal de 11 de Março de 1867, em benefício de José Isidoro Guedes.

Os primeiros viscondes de Valmor

José Isidoro Guedes (?-?)

Fausto de Queirós Guedes (18? – 1898)

3º José Guedes Pinto Machado (1908 – ), também 4.º Conde de Almedina

Notas

* O local e as datas de nascimento constantes na Internet, Lisboa e Lamego, 1937 e 1940, nomeadamente em maltez.info e na wikipedia, não coincidem.

** O Prémio Valmor de Arquitectura (associado a partir de 1982 ao Prémio Municipal de Arquitectura, passando a denominar-se Prémio Valmor e Municipal de Arquitectura) tinha por finalidade premiar a qualidade arquitectónica dos novos edifícios construídos na cidade de Lisboa.

Trata-se de um prémio pecuniário que, de acordo com o testamento deixado pelo Visconde de Valmor Fausto Queirós Guedes, seria repartido em partes iguais pelo arquitecto e pelo proprietário da construção. Para o efeito foi criado um fundo gerido pela Câmara Municipal de Lisboa com o dinheiro deixado por este 2º visconde.

Inicialmente este prémio só contemplava edifícios de habitação mas mais tarde passou também a incluir qualquer tipo de edificação e arquitectura paisagista.

Foto 18102007

terça-feira, outubro 16, 2007

A produção legislativa. O Código Penal

Não se trata desta vez do problema da introdução da aparente inofensiva vírgula num artigo duma nova legislação, que afinal o não era. O que é chocante, é que no processo legiferativo, envolvendo tantos técnicos e tantos eleitos, se descortinem falhas de controlo do sistema.

Afinal, quem tem responsabilidade, ou a responsabilidade, na alteração ao Artigo 30º do Código Penal, que introduz a figura do crime continuado nos crimes contra pessoas, como os abusos sexuais*, aplicável a quem violar repetidamente a mesma vítima?

E que (por mero acaso?) pode ser aplicável num processo que ainda não transitou em julgado!!!

A bem da transparência!

Nota* Ou a integridade física.

quinta-feira, outubro 11, 2007

Pontos negros no transito. Lisboa

Em Setembro de 2007 foram identificados pela Câmara Municipal de Lisboa vinte pontos negros do trânsito na cidade de Lisboa. Eles aqui estão:

E quantos mais poderão os utentes da cidade identificar?

Passemos então a estar atentos ao tempo que decorrerá até que essas situações, de risco comprovado, sejam suprimidas.

Quando deveria ter sido (ou poderá ser?) gasto algum dinheiro, com razoabilidade, para poupar algumas vidas?

Foto Pontosnegros001

sábado, outubro 06, 2007

Poluição visual e higiene

Sábado à tarde, dia 06 de Outubro, era este o espectáculo na Avenida Praia da Vitória, a menos de 50 metros do Saldanha, na capital do País.

Uma questão de deficit de cidadania mas também dos serviços competentes da CML que não estão atentos. Uma intervenção pontual nestes casos e o dimensionamento da capacidade em recipientes, atenta a zona em causa, mereceria a acusação de negligência.

Foto 06102007(001)