segunda-feira, novembro 30, 2009

Aldrabices na Net (31). Reenvios de mensagens

Oh! santa ingenuidade. Estamos no finais de 2009 e ainda há quem acredite neste tipo de mails que já circulam há anos! Desconheço se a pessoa pretensamente referida como autora tem existência real, ou se, como muitas vezes acontece é ali introduzida sem o seu conhecimento para conferir credibilidade ao mail.

PARA GANHAR DINHEIRO - LER URGENTE! NAO DEITAR FORA


Olá a todos


Sou advogada, Susana Cruz, e conheço a lei. Não menosprezem a validade desta informação, isto é real.'


A AOL e a INTEL cumprirão a sua promessa pois têm medo de serem processados e pagar posteriormente indemnizações multimilionárias como no recente caso da PEPSI COLA contra a GENERAL ELECTRIC.
Aparentemente, Bill Gates está a partilhar uma porção da sua fortuna.
O MS WINDOWS continua a ser o sistema operativo mais utilizado, e isto não é mais do que um teste para a Microsoft e a AOL avaliarem isso pelo nº de envios/reenvios deste mail.

Quando reencaminhar este mail, no caso de ser um utilizador de MS Windows, a Microsoft fará um seguimento dos reenvios durante 2 semanas.
Quer isto dizer, que por cada pessoa que reenviar este mail, a Microsoft pagar-vos-á 245EUR independentemente do emissor; mais, por cada pessoa que reencaminhe o mail após vocês lho terem enviado, a Microsoft pagar-vos-á 243EUR. Após a 3ª pessoa que receber o mail, a Microsoft pagar-vos-á 241EUR.
Em duas semanas, a Microsoft entrará em contacto convosco para confirmação de endereço postal e envio do cheque.'

Ela ainda acrescenta: (LEIAM!)

Eu julgava que isto era uma burla, mas duas semanas após ter recebido e reencaminhado este mail, fui contactada pela Microsoft para dar o meu endereço. Recebi um cheque no montante de 24800EUR.' (?!!)

Deve responder antes que este teste termine, pois se alguém se pode permitir isto é bem o Bill Gates. Para ele, trata-se de uma despesa de comercialização/marketing.

Provavelmente, não cooperaríamos com eles se não houvesse qualquer compensação...

Ela conta ainda que a namorada do irmão recebeu um cheque de 4324,44EUR;

A tia de uns amigos que trabalha na Intel recebeu mais ou menos o mesmo 4543,23EUR.

Diz ainda: Como vos disse, conheço bem a lei e isto é real. A INTEL e a AOL estão a negociar uma fusão para tornarem-se na companhia mais abrangente do mundo e certificarem-se da continuidade como o sistema operativo mais utilizado.

Este teste é uma experiência da INTEL e da AOL.'


Susana Cruz
Departamento de Operações
ESAF - Espírito Santo Activos Financeiros
Av. Álvares Cabral, 41
1250 - 015 Lisboa - Portugal

quarta-feira, novembro 25, 2009

Liberdade de imprensa

Para ler (e retirar conclusões) a seguinte entrevista a José António Saraiva (director do semanário Sol) ao Correio da Manhã (Teresa Oliveira), publicada em 22NOV2009, com sublinhados nossos:
Correio da Manhã:- O Sol foi coagido pelo Governo para não publicar notícias do Freeport?

José António Saraiva Recebemos dois telefonemas, por parte de pessoas próximas do primeiro-ministro, dizendo que se não publicássemos notícias sobre o Freeport os nossos problemas se resolviam.

Que problemas?
Estávamos em ruptura de tesouraria, e o BCP, que era nosso sócio, já tinha dito que não metia lá mais um tostão. Estávamos em risco de não pagar ordenados. Mas dissemos que não, e publicámos as notícias do Freeport. Efectivamente uma linha de crédito que tínhamos no BCP foi interrompida.

Depois houve mais alguma pressão política?
Sim. Entretanto tivemos propostas de investimentos angolanos, e quando tentámos que tudo se resolvesse, o BCP levantou problemas.

Travou o negócio?
Quando os angolanos fizeram uma proposta, dificultaram. Inclusive perguntaram o que é que nós quatro eu, José António Lima, Mário Ramirez e Vítor Rainho queríamos para deixar a direcção. E é quando a nossa advogada, Paula Teixeira da Cruz, ameaça fazer uma queixa à CMVM, porque achava que já havia uma pressão por parte do banco que era totalmente ilegítima.

E as pressões acabaram?
Não. Aí eles passaram a fazer pressão ao outro sócio, que era o José Paulo Fernandes. E ainda ao Joaquim Coimbra. Não falimos por um milagre. E, finalmente, quando os angolanos fizeram uma proposta irrecusável e encostaram o BCP à parede, eles desistiram.

Foi um processo longo...
Foi um processo que se prolongou por três ou quatro meses. O BCP, quase ironicamente, perguntava: "Então como é que tiveram dinheiro para pagar os salários?" Eles quase que tinham vontade que entrássemos em ruptura financeira. Na altura quem tinha o dossiê do Sol era o Armando Vara, e nós tínhamos a noção de que ele estava em contacto com o primeiro-ministro. Portanto, eram ordens directas.

Do primeiro-ministro?
Não temos dúvida. Aliás, neste processo Face Oculta deve haver conversas entre alguns dos nossos sócios, designadamente entre Joaquim Coimbra e Armando Vara.

Houve então uma tentativa de ataque à liberdade de imprensa?
Houve uma tentativa óbvia de estrangulamento financeiro. Repare-se que a Controlinveste tem uma grande dívida do BCP, e portanto aí o controlo é fácil. À TVI sabemos o que aconteceu e ao Diário Económico quando foi comprado pela Ongoing houve uma mudança de orientação. Há de facto uma estratégia do Governo no sentido de condicionar a informação. Já não é especulação, é puramente objectiva. E no processo Face Oculta , tanto quanto sabemos, as conversas entre o engº Sócrates e Vara são bastante elucidativas sobre disso.

Os partidos já reagiram e a ERC vai ter de se pronunciar. Qual é a sua posição?
Estou disponível para colaborar.

terça-feira, novembro 03, 2009

Face Exposta

Artigo de Mário Crespo publicado no Jornal de Notícias, com a devida vénia e sublinhados nossos, que podiam, em vez destes, ser outros:

Os intocáveis

02 de Novembro de 2009

O processo Face Oculta deu-me, finalmente, resposta à pergunta que fiz ao ministro da Presidência Pedro Silva Pereira - se no sector do Estado que lhe estava confiado havia ambiente para trocas de favores por dinheiro. Pedro Silva Pereira respondeu-me na altura que a minha pergunta era insultuosa.

Agora, o despacho judicial que descreve a rede de corrupção que abrange o mundo da sucata, executivos da alta finança e agentes do Estado, responde-me ao que Silva Pereira fugiu: Que sim. Havia esse ambiente. E diz mais. Diz que continua a haver. A brilhante investigação do Ministério Público e da Polícia Judiciária de Aveiro revela um universo de roubalheira demasiado gritante para ser encoberto por segredos de justiça.

O país tem de saber de tudo porque por cada sucateiro que dá um Mercedes topo de gama a um agente do Estado há 50 famílias desempregadas. É dinheiro público que paga concursos viciados, subornos e sinecuras. Com a lentidão da Justiça e a panóplia de artifícios dilatórios à disposição dos advogados, os silêncios dão aos criminosos tempo. Tempo para que os delitos caiam no esquecimento e a prática de crimes na habituação. Foi para isso que o primeiro-ministro contribuiu quando, questionado sobre a Face Oculta, respondeu: "O Senhor jornalista devia saber que eu não comento processos judiciais em curso (…)". O "Senhor jornalista" provavelmente já sabia, mas se calhar julgava que Sócrates tinha mudado neste mandato. Armando Vara é seu camarada de partido, seu amigo, foi seu colega de governo e seu companheiro de carteira nessa escola de saber que era a Universidade Independente. Licenciaram-se os dois nas ciências lá disponíveis quase na mesma altura. Mas sobretudo, Vara geria (de facto ainda gere) milhões em dinheiros públicos. Por esses, Sócrates tem de responder. Tal como tem de responder pelos valores do património nacional que lhe foram e ainda estão confiados e que à força de milhões de libras esterlinas podem ter sido lesados no Freeport.

Face ao que (felizmente) já se sabe sobre as redes de corrupção em Portugal, um chefe de Governo não se pode refugiar no "no comment" a que a Justiça supostamente o obriga, porque a Justiça não o obriga a nada disso. Pelo contrário. Exige-lhe que fale. Que diga que estas práticas não podem ser toleradas e que dê conta do que está a fazer para lhes pôr um fim. Declarações idênticas de não-comentário têm sido produzidas pelo presidente Cavaco Silva sobre o Freeport, sobre Lopes da Mota, sobre o BPN, sobre a SLN, sobre Dias Loureiro, sobre Oliveira Costa e tudo o mais que tem lançado dúvidas sobre a lisura da nossa vida pública. Estes silêncios que variam entre o ameaçador, o irónico e o cínico, estão a dar ao país uma mensagem clara: os agentes do Estado protegem-se uns aos outros com silêncios cúmplices sempre que um deles é apanhado com as calças na mão (ou sem elas) violando crianças da Casa Pia, roubando carris para vender na sucata, viabilizando centros comerciais em cima de reservas naturais, comprando habilitações para preencher os vazios humanísticos que a aculturação deixou em aberto ou aceitando acções não cotadas de uma qualquer obscuridade empresarial que rendem 147,5% ao ano. Lida cá fora a mensagem traduz-se na simplicidade brutal do mais interiorizado conceito em Portugal: nos grandes ninguém toca.