Com a devida vénia do Sítio http://www.ionline.pt esta análise de António Ribeiro Ferreira, publicada em 09 de Março de 2012, com sublinhados nossos.
As criaturas querem, podem e mandam
Muitos  parabéns à EDP e a António Mexia. O lucro de 2011 chegou aos 1125  milhões de euros. Um recorde. O êxito ficou a dever-se ao Brasil e às  queridas eólicas, que recebem rendas espantosas generosamente oferecidas  pelo Estado com o dinheiro que cobra aos clientes da EDP nas facturas  mensais ou bimensais. A querida EDP já não tem o guarda-chuva do Estado,  mas os novos accionistas chineses, com o apoio determinado de Catroga e  Mexia, vão, por certo, fazer os impossíveis para queimar qualquer  ministro que tente atacar o chorudo negócio das renováveis, montado e  executado por dois estimáveis amigos do ambiente chamados Pinho e  Sócrates.
O  ministro Álvaro Santos Pereira apanhou um curto- -circuito quando  tentou meter-se com a poderosa eléctrica. Duvida-se que o assunto mereça  novos desenvolvimentos nos tempos mais próximos, mesmo com a troika a  perorar sistematicamente sobre o assunto e os empresários a implorar a  redução dos preços da energia. Evidentemente que o cidadão comum, o que  paga a factura do seu consumo e das rendas de muitas empresas que fazem  fortunas com o negócio verde, deve ficar muito satisfeito por ver o seu  fornecedor, praticamente obrigatório, engordar e enriquecer à conta do  seu empobrecimento. Mas em Portugal ganha e gasta como quer quem pode e  quem é amigo do poder ou pertence ao extraordinário e fantasioso sector  empresarial do Estado. Aqui é a lei da selva, dos prejuízos, do  endividamento, dos aumentos dos preços dos serviços sempre que é preciso  aumentar a receita para não se tocar demasiado na despesa. Como está a  acontecer agora no sector dos transportes. Sobem-se os bilhetes e  cortam-se as carreiras sempre com o supremo objectivo de não despedir os  trabalhadores, que, sem culpa nenhuma, foram entrando nas empresas por  razões políticas eleitoralistas, incompetência dos gestores e alguma  ideologia socialista à mistura, que funciona como o cimento de todas as  desgraças que transformaram o sector empresarial do Estado num cancro  para a economia e para o país. Mas agora, que os portugueses são  surpreendidos todos os dias com os imensos buracos que andaram  escondidos anos e anos, esperava-se que os gestores públicos envolvidos  pedissem a demissão, mostrassem alguma vergonha na cara ou fossem  investigados pelos desvarios cometidos com o dinheiro dos portugueses.  Não acontece nada disso. O Ministério Público não se interessa por esses  crimes públicos de gestão danosa. Tem mais que fazer. E os gestores  públicos, perante o estranho e cúmplice silêncio do poder, ainda têm o  desplante de vir a público não só desmentir os ministros que os tutelam  como fazer de virgens ofendidas na honra e na virtude. Sinceramente.
Quarta-feira,  o ministro da Educação, Nuno Crato, que tutela a Parque Escolar, na  companhia de Vítor Gaspar, denunciou no parlamento os desvarios da  empresa. Um dia depois, os gestores da dita vinham a público pôr em  causa o ministro e repudiar as notícias sobre a sua actividade. Hoje,  sexta-feira, Nuno Crato e Vítor Gaspar ainda não assinaram a exoneração  dos senhores. Percebe-se. As criaturas querem, podem e mandam.
·